PEDRO JUAN CABALLERO / martes, 14 de mayo de 2024

demo
De acordo com o The New York Times a edição de um gene em bebês chinesas, feita pelo cientista He Jiankui, causou espanto, mas não é novidade. Em 1997 alguns bebês nasceram com genes modificados
nota
galeria

Em novembro deste ano, um cientista da Universidade de Ciência e Tecnologia de Shenzhen (sul da China), He Jiankui, e sua equipe, afirmam ter criado os primeiros bebês geneticamente modificados. Os bebês, Lulu e Nana, duas meninas nascidas há algumas semanas, estão em perfeito estado de saúde, diz o geneticista. A técnica usada foi a edição de genes conhecida como CRISPR para modificar um gene e tornar as gêmeas resistentes ao vírus que causa a AIDS.

Mas, de certa forma, não era novidade. Algumas pessoas geneticamente modificadas já andam entre nós. O relato da primeira transferência de material genético para o DNA de um feto foi publicado em 1997, nos EUA.

Na época, cientistas injetaram o material genético de uma terceira pessoa em 30 embriões, concebidos através do DNA mitocondrial de duas mães. Ou seja, tecnicamente, os bebês teriam três pais. A ideia não era criar um tipo de "super humano”, mas sim prevenir que os bebês desenvolvessem doenças genéticas graves às quais os seus pais eram predispostos.

Isso porque, médicos de fertilidade em Nova Jersey suspeitaram que algumas mulheres não conseguiam engravidar por causa de materiais defeituosos em seus óvulos.

Para rejuvenescê-los, os médicos pegaram um pouco do enchimento gelatinoso de óvulos de mulheres saudáveis e o injetaram nos óvulos de suas pacientes antes de realizar a fertilização in vitro.

Os pesquisadores não pediram permissão à Food and Drug Administration (FDA), agência federal do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, para fazer o procedimento. Só deram a notícia depois que as pacientes tiveram bebês saudáveis.

Mas algumas pessoas reagiram com espanto. Nossas células geram energia nas mitocôndrias, que carregam seus próprios genes. Os médicos de Nova Jersey corriam o risco de criar crianças com o DNA de três pessoas, não duas.

Foi o que de fato aconteceu. Eles descobriram que algumas das crianças transportavam DNA mitocondrial das doadoras. Em um relatório de 2001, eles o caracterizaram como *o primeiro caso de modificação genética de linhagem germinativa humana, resultando em crianças saudáveis e normais*. A linhagem germinativa é a linhagem de células que constitui cada pessoa.

A FDA não gostou. A agência exigiu formulários das clínicas que quisessem testar o método. E as clínicas pararam de fazer injeções em óvulos. Até aquele momento, talvez uma dúzia de crianças já tivesse nascido com uma mistura de DNA. Os médicos de Nova Jersey seguiram acompanhando algumas dessas crianças e não encontraram nada incomum em sua saúde.

No mês passado, o Dr. He, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Shenzhen, anunciou que tinha feito bebês com edição genética, alterando o DNA de embriões humanos com uma tecnologia chamada Crispr.

Ele recortou um pedaço de DNA do gene CCR5. As pessoas que não têm esse material genético parecem ser resistentes a infecções de HIV. Ele argumentou que os bebês geneticamente modificados seriam imunes ao vírus.

Em 28 de novembro, o Dr. He detalhou seu trabalho em uma conferência em Hong Kong. E foi chamado de imprudente. Os organizadores do encontro qualificaram o nascimento das gêmeas como “irresponsabilidade”. O governo chinês o considerou ilegal.

Na Grã-Bretanha, cientistas pensaram em usar o tratamento de reposição mitocondrial em óvulos humanos. Depois de debates sobre o tema, o Parlamento aprovou o procedimento em 2015. 

Em fevereiro, o Departamento de Saúde informou que estava liberando o procedimento para duas mulheres de uma clínica em Newcastle. Recentemente, um representante da clínica se recusou a dizer se os bebês haviam nascido. 

É natural focar a atenção nas gêmeas nascidas na China. Mas esses bebês da Grã-Bretanha também merecem atenção. Teremos de escolher quais representam o futuro

Comenta con tu facebook!